Achava-se (uma guria)

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009



Aquele rumor da lambada ainda doía a língua. O paladar ressentia-se. Era a ausência dos frios e do afago edulcorado da Lambada. Dulcíssima, diria José Dias, fundamental nessa estiagem. Ainda assim, percorriam os corredores, as bermudas de tactel farfalhavam, e as camisas tranquilas.
Um acre para percorrer. Isso não existe, se são somente quatro mil metros quadrados.
Restolhando a horta... além de frutas, legumes saboridos, um cheiro-verde sublimando.

Cá não está.

Azeitona, azeite, atum, extrato, ervilha, milho, sardinha, sopão de feijão, maionese, mostarda, molho de pimenta, palmito, chutney, shoyu, circulam, correndo, pela periferia dos meus óculos fundo de frasco de suco concentrado de caju.

Flauteando pelo Hiper num esconde-esconde com Cássia. Ela, filha, eu, pai. Patamar em que eu a acho.
Ao som da Banda Lyra, pilhando com a embalagem de rosca doce de coco com fondant, perfumada e aromática.   Cá estava.   Com a mãe. A Cássia acabara de nascer.

Refinamento das angústias

terça-feira, 29 de dezembro de 2009




Quando penso em nível de vida, lembro daquela música do Waly Salomão: “Eu não preciso de muito dinheiro, Graças a Deus”. Ele dizia que se arrependia de ter escrito esses versos.
Vivemos num sistema capitalista, isso é um pressuposto. Aqui, ter dinheiro é ter sucesso, já explicava Max Weber: os sinais exteriores de prosperidade indicavam que se estava seguindo o caminho correto (para a ética protestante).
Um desses sinais: as angústias sofrem um refinamento. Não precisar se preocupar com o dinheiro do aluguel, da comida das crianças, da prestação do carro, enfim, essas, já não mais.  
Para alguns bem-sucedidos, a angústia se traduz na preocupação em conseguir mais dinheiro; ou, viver a vida; ou, ser feliz; ou, ser famoso; ou, ser reconhecido; ou, ou, ou, ou...

Chaves

domingo, 20 de dezembro de 2009



Eu jamais me engano. Só me enganei uma vez: quando acreditei estar enganado!

Estou usando este tapa-olho porque tinha um sujeito que queria me bater
E?
Me bateu.

Eu não sou nenhuma velha, ouviu? Fique sabendo que eu acabo de passar dos 45!
Do segundo tempo!

Pois é, mas é que essas crianças são uns verdadeiros poliglotas... poliglotas, esses, das cavernas...
Trogloditas! São trogloditas! Você não sabe o significado do vocábulo troglodita?
Eu não sei nem o significado do vocábulo vocábulo...

Sabe Chaves, quando eu assisto tv, eu não consigo dormir.
Puxa, comigo é o contrário, quando eu to dormindo não consigo assistir tv.

Qual é o maior animal da Terra?
É o Nhonho!
Não, Chaves!
O maior animal da Terra é a baleia.
Certo, e qual o maior animal terrestre?
Ah, esse sim é o Nhonho.

Chaves, como se diz Professor em inglês?
Essa eu sei, é Teacher.
Muito bem Chaves, e Professora?
Teachera.
Não Chaves, Professora também é Teacher, é a mesma palavra. Entendeu?
Sim, Professora.

Quico, as cordas tem nomes, essa é a primeira, essa é a segunda, essa é a terceira, essa é a....
Essa é a marcha ré!
Não! Essa é a quarta.
Mas o senhor não me disse que tinha 5 marchas.

Todo mundo chora com cebola.
Não, eu choro com os olhos!

Bom, professor, mas há uma coisa que não poderei lhe cobrar.
O que?
O café. É que... depois de ter lhe oferecido tantas xícaras de café.
Bem, de acordo, será a única coisa que não pagarei: o café.
Então, o que vai querer?
UMA XÍCARA DE CAFÉ!

Seu Madruga

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009



Não existe trabalho ruim. O ruim é ter que trabalhar.

Sabe como é, todo esse tipo de porcarias: papéis, lixo.. Florinda...

Como ousa me acordar às 11 da madrugada! E agora, o que eu vou fazer até a hora da sesta?

Não é uma coisa que se diga: Minha nossa, mas que bom trabalho! Mas...

Minha senhora, se acha que pode me comprar com alguns presentinhos, eu vou lhe dizer uma coisa: ... eu aceito!

A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena.

Não há luta pior do que aquela que se enfrenta.

Devemos perdoar as ofensas... Devemos perdoar as afrontas... Devemos perdoar os aluguéis atrasados...

Higiênicos churros de Dona Florinda… Ai que droga! Velha ridícula!

50 mangos? Você está ficando louca. Eu deixo você comprar alguma coisa de 30, de 35, até de 40 centavos

Altruísta é um homem que ama os outros homens!
Ah bom, aqui chamamos de outro nome...

Seu madruga, o que é isso? (apontando pra máquina fotográfica velha do seu madruga)
É um jumento de garimpeiro!
Olha mamãe! Olha mamãe! Um jumento de garimpeiro!
Não tesouro, parece um jumento de garimpeiro, mas é só o Seu Madruga.

Chiquinha, onde está o seu pai?
O meu pai está trabalhando.
Não chiquinha, quero saber onde está o seu pai.

Chaves, qual o animal que grunhe e vive num chiqueiro?
O seu pai.
Não chaves, esse animal que falo é um que vive sujo e fedorento.
Pois então, o seu pai.

Eu só compro carne de primeira.
Então, por que um dia desses eu vi a senhora no açougue perguntando se tinha meio quilo de bofe?
Porque quando eu perguntei sobre o meio quilo de bofe eu queria saber onde estava seu pai.

Eu não estou a fim de ouvir idiotices!
Pois eu sim. O que a senhora dizia, Dona Florinda?...

Pois eu me olho no espelho várias vezes ao dia. (Dona Florinda)
Masoquista! (A bruxa do 71 para a Dona Florinda)
Papai, o senhor é masoquista?
Eu? Não? Não é que não respeite as religiões alheias... mas...
Não, papai, masoquista é quem gosta de se olhar no espelho.
Ah, bom! Mas é que não sou obrigado a entender inglês.

Chavinho, eu sempre quis ser como John Wayne: FEIO, FORTE e FORMAL.
Pois então o senhor já está quase como ele.
É mesmo, Chaves?
É, só falta ser forte e formal.

Paulo Francis 3

domingo, 6 de dezembro de 2009



"Não vi e não gostei."

"A função da universidade é criar elites, e não dar diplomas a pés-rapados."

"Hitler nos provou que política dá sempre errado. Tudo o que ele mais queria era acabar com o comunismo e com os judeus. No final da Guerra a União Soviética virou superpotência e os judeus conseguiram fundar Israel."

"A televisão é a força mais subversiva da nossa sociedade, ainda que inconscientemente."

"O esporte é a alta cultura dos sem-imaginação, que são 3/4 da humanidade."

"O Brasil é um asilo de lunáticos onde os pacientes assumiram o controle."

"Todo otimista é um mal-informado."

"O Brasil sempre foi a casa da mãe Joana de elites sub-reptícias que fazem o que querem."

"É preciso ter mingau na cabeça para acreditar em astrologia."

"Bebo para tornar as outras pessoas mais interessantes."

"O PT diz ter um programa operário. Mas é um programa de radicais de classe média que imaginam representar a classe operária, e não os operários, porque estes querem mesmo é se integrar à sociedade de consumo, ter empregos, boa vida etc. Não lhes passa pela cabeça coisas como socialismo."

"A descoberta do clarinete por Mozart foi uma contribuição maior do que toda África nos deu até hoje."

"Não levo ninguém a sério o bastante para odiá-lo."

"Intelectual não vai à praia. Intelectual bebe."

"A melhor propaganda anti-comunista é deixar um comunista falar."

"A sociedade de massas é por definição o fim da civilização. Bolsões de vida inteligente sobrevivem à duras penas."

"Eu gostaria de ser o fantasma do Metropolitan Museum."

"Quem não lê não pensa, e quem não pensa será para sempre um servo."

"Não há quem não cometa erros e grandes homens cometem grandes erros."

"Apenas os idiotas não se contradizem."

"Marx escrevendo sobre dinheiro é como padre falando de sexo."

"A ignorância é a maior multinacional do mundo."

retiradas daqui.
e, para conhecer um pouco mais.

Paulo Francis 2

sábado, 5 de dezembro de 2009

Para aqueles que gostam do Diogo Mainardi, na opinião do próprio, ele é uma versão do Paulo Francis.

retirada daqui.

Paulo Francis

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009


Paulo Francis foi um intelectual brasileiro, escritor, comunista e, posteriormente anti-comunista. Era também um grande canalha e manipulador, porém, um mestre.

Frases atribuídas a Paulo Francis:

"As elites, no Brasil, não acreditam, no íntimo, na soberania do povo. As diferenças entre elas e o populacho é de tal a ordem que a sabem intransponível e insuperável, a não ser naquele prazo tão longo que, na frase de Keynes, estaremos todos mortos."

"É extraordinária a relativa imunidade que a Igreja gozou todos esses anos na demonologia de nossos nacionalistas e esquerdistas. Arnold Toynbee, protestante, escreveu que, tendo cometido tantos crimes sem morrer, talvez a alegação de que é de origem divina seja verdadeira."

"Os baianos invadiram o Rio para cantar 'Ó que saudade da Bahia...'. Bem se é por falta de adeus, PT saudações."

"Ser comunista, hoje, exige um ato de fé sobre-humana."

"Dizem que escrever é um processo torturante para Sarney. Sem dúvida, mas quem grita de dor é a língua portuguesa."

"Há em mim um resíduo de saltimbanco. Gosto de uma platéia, quero mantê-la cativa, afinal vivo disso há 40 anos."

"Dizem que ofendo as pessoas. É um erro. Trato as pessoas como adultas. Critico-as. É tão incomum isso na nossa imprensa que as pessoas acham que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica. Às vezes é estúpida. O leitor que julgue.
Acho que quem ofende os outros é o jornalismo em cima do muro, que não quer contestar coisa alguma. Meu tom às vezes é sarcástico. Pode ser desagradável. Mas é, insisto, uma forma de respeito, ou, até, se quiserem, a irritação do amante rejeitado."

"É a maior cidade de Porto Rico."
Definindo Nova York.

"Quando ouço falar em ecologia, saco logo meu talão de cheques."

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Nelson Rodrigues 4

segunda-feira, 30 de novembro de 2009



"Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia."
"Deus me livre de ser inteligente".
"Não há nada mais relapso do que a memória. Atrevo-me mesmo a dizer que a memória é uma vigarista, uma emérita falsificadora de fatos e de figuras."
"Toda unanimidade é burra."
"Só os profetas enxergam o óbvio."
"Qualquer indivíduo é mais importante do que a Via Láctea."
"O ser humano é cego para os próprios defeitos. Jamais um vilão do cinema mudo proclamou-se vilão. Nem o idiota se diz idiota. Os defeitos existem dentro de nós, ativos e militantes, mas inconfessos. Nunca vi um sujeito vir à boca de cena e anunciar, de testa erguida: 'Senhoras e senhores, eu sou um canalha'."
"O artista tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros. Se puder ser imbecil para todos, melhor ainda."

retirado daqui.

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Nelson Rodrigues 3

quinta-feira, 26 de novembro de 2009


"O Brasil é muito impopular no Brasil."
"O brasileiro é um feriado."
"O mineiro só é solidário no câncer."
"A companhia de um paulista é a pior forma de solidão."


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Marx...

terça-feira, 24 de novembro de 2009



Não era pacifista, mas...
Pregava a igualdade entre os homens.
Desejava o fim da exploração do homem pelo homem.
Queria que a solidariedade sobrepujasse a ganância.

Se o mundo pode ser descrito por palavras,
as dele fundaram o séc. XX,
ainda explicam o mundo de hoje,
e influenciam os idealistas.

Nelson Rodrigues 2

domingo, 22 de novembro de 2009



"A mais tola das virtudes é a idade. Que significa ter quinze, dezessete, dezoito ou vinte anos? Há pulhas, há imbecis, há santos, há gênios de todas as idades."
"O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: o da imaturidade."
"Em nosso século, o 'grande homem' pode ser, ao mesmo tempo, uma boa besta."
"O 'homem de bem' é um cadáver mal informado. Não sabe que morreu."
"O homem só é feliz pelo supérfluo. No comunismo, só se tem o essencial. Que coisa abominável e ridícula!"

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HEITOR, EU NÃO TE ESCUTO MAIS!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009




Você não me leva a nada
Ei, medo!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada...

E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou
É pra lá que eu vou..

Pois é, Heitor, não confiamos nos teus conselhos.


mais, aqui, e aqui.

Nelson Rodrigues 1

terça-feira, 17 de novembro de 2009



"Só acredito nas pessoas que ainda se ruborizam."
"Toda mulher gosta de apanhar, apenas as neuróticas reagem."
"Nem toda mulher gosta de apanhar, só as normais"
"Hoje é muito difícil não ser canalha. Todas as pressões trabalham para o nosso aviltamento pessoal e coletivo."
"Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível."
"Todo amor é eterno. E se acaba, não era amor".
"A fidelidade devia ser facultativa".
"Amar é ser fiel a quem nos trai".
"As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado".
"O homem começou a própria desumanização quando separou o sexo do amor."

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Brocardos internéticos

domingo, 8 de novembro de 2009



Comer uma maçã é mais eficiente que tomar café para se manter acordado.

O porco é o único animal que se queima com o sol além do homem.

Ninguém consegue lamber o próprio cotovelo, é impossível tocá-lo com a própria língua.

As unhas da mão crescem aproximadamente quatro vezes mais rápido que as unhas do pé.

O "quack" de um pato não produz eco, e ninguém sabe porquê.

É impossível espirrar com os olhos abertos.

"J" é a única letra que não aparece na tabela periódica.

Uma gota de óleo torna 25 litros de água imprópria para o consumo.

Rir durante o dia faz com que você durma melhor à noite.

Dialética erística

terça-feira, 3 de novembro de 2009



1- Ampliação indevida: Generalização além dos limites válidos.

2- Homonímia sutil: Dois conceitos designados pela mesma palavra. “O senhor ainda não foi iniciados nos mistérios da filosofia Kantiana” “Ora, o que é cheio de mistérios não me interessa”.

3- Mudança de modo: Tomar de modo absoluto o que foi dito de modo relativo. O mouro é negro, mas tem os dentes brancos, portanto é ao mesmo tempo negro e não negro.

4- Pré-silogismo: Premissas diversas e confusas com o fim de ocultar o verdadeiro objetivo.

5- Premissas falsas: Uso intencional de premissas falsas. Exemplo: Se ele for de alguma religião, podemos usar como base os próprios dogmas dela.

6- Petição de princípio oculta: Postular o que se deseja comprovar. Sob outro nome, “Maluf não gasta, investe”, generalizando ou provando algo universal aos pedaços.

7- Perguntas em desordem: Muitas perguntas de modo pormenorizado, ocultando o que se quer admitir.

8- Encolerizar o adversário: Ser injusto, provocar raiva no adversário a fim de não o deixar aproveitar a vantagem.

9- Perguntas em ordem alterada: Perguntas em ordem diversa a fim de confundir o adversário.

10- Pista falsa: Quando o adversário propositalmente nega nossas afirmações, devemos afirmar em contrário para faze-lo admitir o que queremos.

11- Salto indutivo: Admitir a tese como estabelecida e reconhecida. Os ingênuos podem acreditar.

12- Manipulação semântica: Escolher um nome que favoreça nossa afirmação. Fervor religioso e fanatismo, colocar sob custódia e aprisionar, dificuldades financeiras e bancarrota,

13- Alternativa forçada: Apresentar duas escolhas, da qual ele vai escolher necessariamente a que nos interessa. “Deve-se obedecer ou desobedecer os pais?”

14- Falsa proclamação de vitória: Após o adversário ter admitido algumas premissas declaramos como aceita a conclusão.

15- Anulação do paradoxo: Apresentamos uma tese correta mas não totalmente evidente. Ex. Apresentar um exemplo ilustrativo.

16- Várias modalidades do argumentum ad hominem: Examinar se a afirmação não está em contradição com algumas das premissas anteriores.

17- Distinção de emergência: Quando o adversário nos pressiona, podemos nos safar por meio de uma diferenciação sutil.

18- Uso intencional da mutatio controvensie: Não deixar que o adversário conclua um argumento que vai nos derrotar, interromper, afastar a tempo o andamento.

19- Fuga do específico para o geral: Generalizar e atacar .

20- Uso da premissa falsa previamente aceita pelo adversário: Ao adversário admitir uma premissa falsa, não devemos perguntar pela conclusão, mas concluirmos nós mesmos.

21- Preferir o argumento sofístico: Quando o adversário faz uso de um argumentos aparente, é melhor contra atacar com outro argumento aparente.

22- Falsa alegação de petitio principii: Se o adversário nos forçar a admitir algo de que resultará a vitória, não a aceitamos com a alegação de ser um petitio principii.

23- Impelir o adversário ao exagero: Forçar com perguntas o adversário a extrapolar as suas afirmações, saindo do domínio em que ela é válida.

24- Falsa redução ao absurdo: Fabricação de consequências. A partir das proposições do adversário, utilizar deturpações e falsas conclusões para contradize-lo.

25- Falsa instância: Falsa prova em contrário.

26- Argumento reverso: Quando o argumento pode mais ser usado contra do que a favor dele.

27- Provocar a raiva: Quando o adversário se zanga por algum motivo, devemos insistir nesse ponto, talvez por ocultar um ponto fraco.

28- Argumento ad auditores: Faz-se uma objeção inválida, de modo a provocar risos no público iletrado. Para o riso, as pessoas estão sempre prontas.

29- Digressão: Começar um outro ponto subitamente.

30- Argumento dirigido ao sentimento de honra: Diante de autoridades no assunto, as pessoas tendem a acreditar. Expressões retóricas gregas e latinas, expressões técnicas tendem a impressionar. Citar livros já que ninguém vai tê-los em mão. “Chama-se de justas as coisas que aparentam ser” Aristóteles “A maioria tem muitas opiniões” Platão. “As pessoas são um mero eco da opinião alheia. Poucos sabem pensar, mas todos querem ter opiniões” Schopenhauer.

31- Incompetência irônica: Declararmo-nos ironicamente incompetentes de entender a opinião. É melhor quando se tem autoridade. Contra-ataque: Dizer que o assunto é fácil, então foi por falha de explicação ele não entendeu, e explicar de novo.

32- Rótulo odioso: Submeter a afirmação adversária a uma categoria odiosa: Isso é maniqueísmo, isso é nazismo, isso é idealismo, de forma a fazer o público identificar a categoria com a qual já tem preconceito.

33- Negação da teoria na prática: Dizer que na prática não vai funcionar.

34- Resposta ao meneio de esquiva: Se ele não responde, mas apenas se esquiva, devemos insistir nesse ponto.

35- Persuasão pela vontade: Colocar o assunto de forma a fazer com que as consequências não sejam favoráveis financeiramente. “Meia onça de vontade vale mais que uma tonelada de entendimento e convicção” - Schopenhauer “O intelecto não é uma luz que arde sem óleo, mas é alimentado pela vontade e pelas paixões” Francis Bacon

36- Discurso incompreensível: Assustar e desconcertar o adversário com palavreado sem sentido.

37- Tomar a prova pela tese: Fazer um argumento ad hominem passar por um ad rem.

38- Último estratagema: Dirigir o ataque à pessoa adversária.

versão retirada daqui.

Auto-desajuda ou: o importante é sofrer!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Certa vez eu e uma amiga começamos a escrever um blog, cujo nome era Auto-desajuda. Passávamos ambos por um período meio nebuloso na vida e tínhamos várias conversas sobre as maneiras de enfrentar problemas, inclusive as soluções oferecidas pelos manuais de auto-ajuda.

Suspeito dessas frases feitas que supostamente iluminarão a vida das pessoas e as transformarão em seres melhores, mais cheirosas e boas burguesas. Também não creio em felicidade full time, ao contrário, parece doentio essa necessidade de se evitar o sofrimento e a tristeza, a obrigação de se auto-definir como Feliz.

O Auto-desajuda era uma maneira de sermos irônicos com o sofrimento desmedido e o dever de buscar a felicidade. Nosso lema era “O importante é sofrer!”, que foi retirado do documentário: “Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos”, que por sua vez vem do letreiro disposto em um cemitério localizado na cidade de Paraibuna. A lógica do lema era a seguinte: vivemos, portanto sofremos, logo, o importante é sofrer (que é igual a viver). Se sofremos é porque também somos felizes em algum momento, e em outros momentos não estamos nem desse ou daquele jeito.

Sentir a dor é essencial: “O importante é sofrer!”



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Turma 182

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Ou, a turma dos "manos"...

Vejamos os dados:

















Escolhendo a variável "candidatos que cursaram o ensino médio em escola particular":
- inscritos na FUVEST em azul;
- matriculados em DIREITO em vermelho, temos o gráfico acima, e a tabela abaixo.
Desconsiderando 1992, em que há um comportamento estranho da curva por alguma razão que desconheço, vemos que há um constante aumento da porcentagem de alunos matriculados até 2006, com um pico de 87,3%. Após esse ano, há uma queda nessa porcentagem, culminando em 70,1% em 2009, apesar do aumento percentual do número de inscritos.


É plausível se creditar uma boa parcela das causas dessa situação às políticas de bônus para os alunos que cursaram o ensino médio em escola pública. Como exemplo, na FUVEST 2008, esse acréscimo era de 3%, tendo sido aumentado até 9% na FUVEST 2009. Em números absolutos, em 2008, 438 candidatos que cursaram o ensino médio em escola particular se matricularam. Em 2009, foram 392, uma diferença de 46 matriculados de um ano para o outro (para menos). Essa diferença equivale a 9,2% das vagas da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Apesar das demais variáveis possíveis, a política de incentivos parece ter dado resultados. Para alguns, pode ter ocorrido somente uma diferença na ordem de classificação, para outros pode ter sido fundamental para a aprovação.


A tabela está em números percentuais.
A primeira coluna é o ano; a segunda, os candidatos inscritos que cursaram o ensino médio em escola particular; e a terceira, os matriculados que cursaram o ensino médio em escola particular (ou seja, os que foram aprovados daqueles relacionados na primeira coluna).
1988
46,8
73,5
1989
51,3
74,3
1990
51,7
75,3
1991
49,5
75,5
1992
52,9
59,2
1993
55,1
75
1994
50,4
74,5
1995
50,1
75,6
1996
52,2
83,2
1997
56,7
80,3
1998
59,1
84,7
1999
60,9
80,8
2000
60,3
86
2001
58,4
84,8
2002
56,2
85,5
2003
56,1
81,6
2004
59,1
79,8
2005
59,5
81
2006
57,5
87,3
2007
62,5
79
2008
64,8
78,3
2009
66,9
70,1

Igualdade temporária

quarta-feira, 21 de outubro de 2009



O Brasil se viu numa situação em que foi necessária a abolição da escravatura. Objetos se tornaram seres humanos excluídos. Sem direitos políticos, sem posses, sem educação, um sem-número de sem(s). A situação que se seguiu ao fim da escravidão no Brasil não se endireitou até os dias de hoje, ao contrário, em grande parte se acentuaram os problemas. Como resolver essa questão? Nunca serão dadas condições mínimas de concorrência para estas pessoas (nesse nosso mundo globalizado capitalista)? Ou serão as práticas discriminatórias inclusivas a solução?

Têm-se uma questão de fundo muito importante que é a "inexistência de raças", para muitos, só há uma raça: a raça humana. Uma questão que envolve a legitimação de muitas teorias de exclusão: a história da Alemanha Nazista, o Apartheid sul-africano, a separação racial que havia na América (EUA). Essas teorias serviram para praticar os mais diversos crimes contra grupos de pessoas (tecnicamente falando, não eram crimes, pois eram institucionalizados), ou violências, abusos físicos e econômicos (e outros). Falseou-se a realidade para influenciar a coletividade para determinados fins (mas não vamos falar sobre isso). Se a questão é o problema da institucionalização das raças no Brasil, ou seja, oficialmente se está realizando uma separação das pessoas em nome de algo que talvez seja duvidoso cientificamente, qual seria a opção não segregadora racialmente? Pela cor da pele? Pela genealogia (depois de tantos anos)? A opção normalmente apresentada é também fruto de ficção, pelo menos no curto prazo: melhoria da educação básica, melhoria da saúde básica (infra-estrutura social), e outras como essas. Essas soluções tornam-se risíveis ao olharmos para os últimos anos: dez, vinte, trinta, quarenta, cinquenta anos de educação piorada constantemente e de saúde básica que não foi capaz de atender satisfatoriamente a população como um todo. Por que se deveria acreditar que isso mudará daqui pra frente. Quem faz esse tipo de proposta possui filhos em escolas públicas? Ou depende do SUS?

Parece-me que estatuto da igualdade racial deveria ser uma lei excepcional ou temporária. Com um marco final, ao menos, poderia-se trazer alguma condição de igualdade mínima há muito devida, e, atingido o seu objetivo, descartá-la do ordenamento jurídico, pelo seu caráter discriminatório. O fim de sua vigência poderia ser programado de acordo com alguns dados mínimos estatísticos, ou uma reavaliação periódica, ou até mesmo uma data final simplesmente. Sua ultratividade produziria resultados muito tempo após a sua saída do ordenamento.

Encerro com uma citação de Rui Barbosa: "A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam".
Pode-se usar esta citação tanto de maneira positiva: não permitir que mulheres carreguem peso da mesma forma que os homens, ou limitar o trabalho de crianças; quanto de maneira negativa: se há desigualdade entre os homens e alguns são inferiores, estes terão tratamento agravado.

Para não ser injusto, informo o contexto:
Em tão breve trajeto cada um há de acabar a sua tarefa. Com que elementos? Com os que herdou, e os que cria. Aqueles são a parte da natureza. Estes, a do trabalho.
A parte da natureza varia ao infinito. Não há, no universo, duas coisas iguais. Muitas se parecem umas às outras. Mas todas entre si diversificam. Os ramos de uma só árvore, as folhas da mesma planta, os traços da polpa de um dedo humano, as gotas do mesmo fluido, os argueiros do mesmo pó, as raias do espectro de um só raio solar ou estelar. Tudo assim, desde os astros, no céu, até os micróbios no sangue, desde as nebulosas no espaço, até aos aljôfares do rocio na relva dos prados.
A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade. O mais são desvarios da inveja, do orgulho, ou da loucura. Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Os apetites humanos conceberam inverter a norma universal da criação, pretendendo, não dar a cada um, na razão do que vale, mas atribuir o mesmo a todos, como se todos se equivalessem.
Esta blasfêmia contra a razão e a fé, contra a civilização e a humanidade, é a filosofia da miséria, proclamada em nome dos direitos do trabalho; e, executada, não faria senão inaugurar, em vez da supremacia do trabalho, a organização da miséria.
Mas, se a sociedade não pode igualar os que a natureza criou desiguais, cada um, nos limites da sua energia moral, pode reagir sobre as desigualdades nativas, pela educação, atividade e perseverança. Tal a missão do trabalho.

O país dos losers

sábado, 17 de outubro de 2009



Há aquela teoria de que no Brasil, trabalhar é uma coisa indigna, por isso, nossas elites são sempre mostradas fazendo NADA em novelas, filmes, livros. Essa teoria diz que esse comportamento é herança dos tempos escravagistas. Os Brancos, senhores de engenho, nobres não trabalhavam. Além de todas as outras variáveis, coeteris paribus, que contribuem para a fama de preguiçoso do brasileiro, há mais essa de achar que meter a mão na massa é coisa de sub-gente.
Não é isso que acontece em países anglo-saxões. Lá, trabalhar para enriquecer é sinal divino. Quem não é empreendedor é loser. Somos o país dos losers (ou loseres).

O negócio é trabalhar 10 horas por dia no chão da fábrica. Quê estudar o quê. Isso é coisa de vagabundo. São as horas extras, abrir a empresa (chegando antes do patrão), vender as férias, essas atitudes é que dignificam homem. Trabalhar, no Brasil, significa ser empregado (para a grande maioria das pessoas). Ceder a mais-valia com alegria é digno?

Trabalhar enobrece mesmo o homem?
É isso aí, trabalhar empobrece o homem.


SILVA SÁNCHEZ, Jesús-Mária. A expansão do direito penal: aspectos da política criminal nas sociedades pós-industriais. Trad. Luiz Otávio de Oliveira Rocha. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2002.

Marx aumenta a criminalidade

quarta-feira, 14 de outubro de 2009



Dentre as várias razões para o aumento dos tipos penais estão a mídia e as teorias deterministas.

Com o aumento das condutas consideradas crimes, maior quantidade de situações passa a ser proibida, portanto um maior número de pessoas pode vir a ser enquadrada. Em outras palavras com mais tipos penais, o que certamente se consegue são mais criminosos.

Jesús-María Silva Sánchez diz que a divulgação dos crimes pelos meios de comunicação causa um temor social, uma sensibilidade exacerbada ao risco, que leva ao desejo de utilizar o Direito Penal como solução para a sensação de insegurança (ao invés de se buscar um direito de polícia que seja eficaz). As próprias instituições de repressão colaboram para esse aumento da sensação de insegurança (de várias maneiras).

Além disso, segundo Sánchez, algumas doutrinas do Direito Penal imputam a culpabilidade do delito a uma catástrofe social. O responsável já não seria uma pessoa: “ninguém é responsável”. Há a responsabilização não de uma pessoa, mas da natureza, ou do meio social. Tais doutrinas sofrem influencias das teses deterministas, como o marxismo. Atualmente, como consequência, surge uma expansão da imputabilidade, é a necessidade de se culpar alguém pelas catástrofes sociais, aumentando o número de pessoas elegíveis como objeto das penas.

Enfim, há uma grande lógica na argumentação de Sánchez, mas eu fico imaginando o nosso criminoso da favela pensando na exploração da mais-valia, na possibilidade da evolução dialética do capitalismo, na sua exclusão estabelecida pela sociedade de consumo, e, após matutar sobre isso, chega à conclusão de que ninguém é culpado pelos seus roubos: a culpa é do sistema.


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As aventuras do advogado depramável

quinta-feira, 8 de outubro de 2009



Esse nosso personagem é velho conhecido.
Quando eu disse que ele existe, não estava sendo retórico. Eu o conheço e o descrevi.

Nos encontramos de novo. Não esperava essa honra, só que desta vez, não eram leigos que estavam do outro lado. Eram 3 advogadas.
Ele começou elogiando a elegância delas. Foi nesse momento que reparei melhor nas moças. A conversa entre ele e elas versava sobre os olhos claros das três e a beleza delas. Sim, eram bonitas e usavam pastas à la Cesar (LV). Dessa vez, nem passou pela cabeça dele tentar se impor pelo grito, pela pressão, pelas suas invenções.
Resumo: ele parecia um ser humano normal, educado, bem-comportado, falando baixo, não inventou nada e quase não disse bobagens. Uma moça! Mais uma moça! Só que essa não era bonita e sua roupa estava mais pra 25 de Março.

Ser Depramável...

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Roupa anticorrupção

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A sociedade capitalista industrial era, para Marx, uma sociedade de produtores. A divisão social do trabalho podia ser traduzida por produção social da vida. As pessoas se utilizavam de bens produzidas por outras, num encadeamento que determinava o todo social.

Zygmunt Bauman analisa o atual ambiente humano como uma sociedade de consumidores, uma transformação daquela sociedade de produtores. Todos devem se ajustar e encontrar o seu lugar  de acordo com o seu consumo: o que consomem, o quanto consomem, quando consomem, porque consomem, etc.

Como uma ilustração dessa sociedade, vemos a notícia de que estilistas criam roupas antifurto. A preocupação primordial nessa sociedade de consumidores é a identificação e repressão dos que não consomem: os furtadores, os roubadores e os receptadores.

Procuro estilistas que criem roupas, acessórios e móveis que sejam anticorrupção, anti-nepotismo e principalmente antidepramáveis.

Sexo é ilícito

segunda-feira, 28 de setembro de 2009



“O Sexo é considerado pecaminoso pela Igreja Católica. Não deve ser praticado exceto com finalidade reprodutiva. Para a Igreja, os filhos são encarados como ônus, como um castigo para os que ousarem fazer sexo e obterem prazeres carnais. A camisinha deve ser proibida. Aborto deve ser proibido. Essa ideologia fica encoberta pelas defesa dos valores morais relacionados à importância da vida humana, etc.”

Há o ilícito e a pena. (Mas no Brasil a coerção é, de maneira geral, ineficaz).

Será que há alguma determinação econômica por trás disto?
E se há, continua válida neste momento histórico?

Maleabilidade moral

quinta-feira, 24 de setembro de 2009



Sempre tive problemas com o clichê da profissão de advogado.
Uma profissão cuja função seria tirar da cadeia corruptos, estupradores e ladrões; defender grandes corporações contra o Zé Ninguém (e vice-versa, é verdade).

Em uma aula de cursinho há muito tempo, um professor propôs a seguinte questão:
- Uma certa pessoa que não está na posse de algum bem reclama que o atual possuidor não é o proprietário legítimo; o possuidor alega que detém todos os documentos e que comprou de um terceiro tal bem.
Quem está com a razão? A resposta é: DEPENDE. Depende de quem é o seu cliente.
Essa falta de uma definição entre Certo e Errado me incomodava.
Essa maleabilidade moral confundia-se com descaramento.

O clichê de advogado existe e ele é DEPRAMÁVEL. Conheci um por estes dias.
Imagine um advogadozinho de merda, que não sabe argumentar, inventa Princípios de Direito, sempre que contrariado eleva a voz, e a única coisa que lhe interessa é dinheiro. Ele tenta fingir que quer mais do que o numerário mas não engana quem o enxerga. Engana, sim, às pessoas que não conhecem o Direito (essa é uma das características da linguagem técnica: excluir os leigos) e desta forma tenta ganhar discussões no grito, no terrorismo.

Por causa disso, de pessoas assim, da possibilidade de usar o Direito dessa forma, que me mantive afastado dessa área do conhecimento por tanto tempo.

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Juridicidade hippie

terça-feira, 22 de setembro de 2009



É preciso um imperativo categórico que todos em uma sociedade aceitem, validem, cumpram.
Dessa forma, haverá uma solidariedade que se transforma em Direito, que se determina internamente aos indivíduos.

“ALL YOU NEED IS LOVE”

Esse axioma beatleniano norteou o inconsciente coletivo de toda uma geração de pessoas; a mesma geração daquelas que acreditavam em fazer amor e não fazer a guerra. Respingou em vários lugares, até por aqui.
Será que essa máxima poderia ser utilizada como um imperativo socialmente aceito?

30 anos depois, perguntou-se a um desses ex-hippies, militante ativo ainda, de várias causas sociais:
- “Tudo o que você precisa é de amor?”
A resposta veio amarga e cansada e desiludida:
- “Tudo o que você precisa é de Justiça!”

A Justiça fria e cega, positivista, é melhor do que uma justiça repleta de amor?
O Amor determina o Direito ou é o Direito que determina o Amor?



(levemente inspirado em Durkheim, e num tal surrealismo jurídico)

Wallemanha

sábado, 19 de setembro de 2009



Eu quis fundar um país.
Celebrar um novo contrato social que não estivesse cheio de cláusulas potestativas.
Cada um que entrasse nesse país, leria o contrato, poderia propor mudanças nas cláusulas, saberia que esse país seria fundado em outras bases.

Ao que parece, os operários alemães de hoje em dia são bem informados. Perguntados se conheciam as teorias marxistas, de exploração da mais-valia, da dominação ideológica, da acumulação de capital, etc... Responderam que sim, que conheciam, porém, não se importavam com isso. Para eles, era justo que o patrão, por assumir o risco do empreendimento e investir todo o capital inicial, ficasse com o lucro e eles com o salário.
Como é bom ser peão (alemão) de chão-de-fábrica na Alemanha do século XXI. Vai pra casa de Audi. Recebe em euros. Prosperidade para quase todos os lados. É o máximo da civilização. Se desejar, ele lê os maiores filósofos direto na língua original. Coincidência o centro do capitalismo estar logo por ali.

O meu país seria como a Alemanha, explorando todos os outros. Principalmente aqueles subdesenvolvidos. Todos no meu país seriam ricos quando comparados com o estratos sociais do “Terceiro Mundo para baixo”. (Não há mais 3º mundo, mas esse nome qualifica bem o Brasil).

Esse país seria altamente tecnológico, como vemos em Wall-e:
Seria mesmo a utopia capitalista: exploração de mão-de-obra sem mão-de-obra (somente robôs).
Um capitalismo em seu ápice, em todos os sentidos. Não haveria mais a busca desvairada pelo acúmulo de capital, pois todos os seus desejos consumistas seriam atendidos instantaneamente. Sem escassez, a lógica muda.
Viver num lugar em que não é necessário mais do que a sua cadeira, o seu canto, pois todos os ambientes são de uso coletivo (a nave Axiom) e são igualmente agradáveis. Não é necessária a propriedade privada.
Entre seus habitantes, não há Direito. Não há contratos. O único Direito é aquele que Auto impõe aos passageiros como regra solitária: não poder retornar à Terra.

Não há exploração de mão-de-obra, não há propriedade privada, não há acumulação ilimitada de capitais, não há Direito... Isso é capitalismo? Wall-e é mesmo um produto dos EUA? Ou isso é o passo seguinte ao Capitalismo: uma Sociedade Comunista?

Por isso, o sincretismo entre Wall-e e Alemanha, batizado pelo Leandro de Wallemanha.

Como eu disse na primeira frase, eu quis isso. Agora o que eu quero é um pouco diferente. Passaram-se alguns meses desta primeira viagem.


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