Wallemanha

sábado, 19 de setembro de 2009



Eu quis fundar um país.
Celebrar um novo contrato social que não estivesse cheio de cláusulas potestativas.
Cada um que entrasse nesse país, leria o contrato, poderia propor mudanças nas cláusulas, saberia que esse país seria fundado em outras bases.

Ao que parece, os operários alemães de hoje em dia são bem informados. Perguntados se conheciam as teorias marxistas, de exploração da mais-valia, da dominação ideológica, da acumulação de capital, etc... Responderam que sim, que conheciam, porém, não se importavam com isso. Para eles, era justo que o patrão, por assumir o risco do empreendimento e investir todo o capital inicial, ficasse com o lucro e eles com o salário.
Como é bom ser peão (alemão) de chão-de-fábrica na Alemanha do século XXI. Vai pra casa de Audi. Recebe em euros. Prosperidade para quase todos os lados. É o máximo da civilização. Se desejar, ele lê os maiores filósofos direto na língua original. Coincidência o centro do capitalismo estar logo por ali.

O meu país seria como a Alemanha, explorando todos os outros. Principalmente aqueles subdesenvolvidos. Todos no meu país seriam ricos quando comparados com o estratos sociais do “Terceiro Mundo para baixo”. (Não há mais 3º mundo, mas esse nome qualifica bem o Brasil).

Esse país seria altamente tecnológico, como vemos em Wall-e:
Seria mesmo a utopia capitalista: exploração de mão-de-obra sem mão-de-obra (somente robôs).
Um capitalismo em seu ápice, em todos os sentidos. Não haveria mais a busca desvairada pelo acúmulo de capital, pois todos os seus desejos consumistas seriam atendidos instantaneamente. Sem escassez, a lógica muda.
Viver num lugar em que não é necessário mais do que a sua cadeira, o seu canto, pois todos os ambientes são de uso coletivo (a nave Axiom) e são igualmente agradáveis. Não é necessária a propriedade privada.
Entre seus habitantes, não há Direito. Não há contratos. O único Direito é aquele que Auto impõe aos passageiros como regra solitária: não poder retornar à Terra.

Não há exploração de mão-de-obra, não há propriedade privada, não há acumulação ilimitada de capitais, não há Direito... Isso é capitalismo? Wall-e é mesmo um produto dos EUA? Ou isso é o passo seguinte ao Capitalismo: uma Sociedade Comunista?

Por isso, o sincretismo entre Wall-e e Alemanha, batizado pelo Leandro de Wallemanha.

Como eu disse na primeira frase, eu quis isso. Agora o que eu quero é um pouco diferente. Passaram-se alguns meses desta primeira viagem.


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10 comentários:

leandro disse...

Isso que eu disse.

decio h disse...

Só que falou mais bonito! :)

Luana Harumi disse...

Cada um à sua maneira, da melhor forma possível. :)

leandro disse...

não sei quem é mais puxa-saco.

decio h disse...

Eu só referendei a opinião de D'Artagnan!

Luana Harumi disse...

Não há nada de mal em ser puxa-saco quando há base para tanto. Puxando mais o saco ainda, de leve.

decio h disse...

O Leandro daria pra um bom ghost-writer.

leandro disse...

Nem daria, falta-me vocação pra isso.

Anônimo disse...

Eu não estou gostando da referência, com um tom de escárnio, ao D'Artagnan! ;]

decio h disse...

D'Artagnan está com fama de puxa-saco criterioso. :)
Mas repare bem quem começou com esse assunto.

 
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