Achava-se (uma guria)

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009



Aquele rumor da lambada ainda doía a língua. O paladar ressentia-se. Era a ausência dos frios e do afago edulcorado da Lambada. Dulcíssima, diria José Dias, fundamental nessa estiagem. Ainda assim, percorriam os corredores, as bermudas de tactel farfalhavam, e as camisas tranquilas.
Um acre para percorrer. Isso não existe, se são somente quatro mil metros quadrados.
Restolhando a horta... além de frutas, legumes saboridos, um cheiro-verde sublimando.

Cá não está.

Azeitona, azeite, atum, extrato, ervilha, milho, sardinha, sopão de feijão, maionese, mostarda, molho de pimenta, palmito, chutney, shoyu, circulam, correndo, pela periferia dos meus óculos fundo de frasco de suco concentrado de caju.

Flauteando pelo Hiper num esconde-esconde com Cássia. Ela, filha, eu, pai. Patamar em que eu a acho.
Ao som da Banda Lyra, pilhando com a embalagem de rosca doce de coco com fondant, perfumada e aromática.   Cá estava.   Com a mãe. A Cássia acabara de nascer.

Refinamento das angústias

terça-feira, 29 de dezembro de 2009




Quando penso em nível de vida, lembro daquela música do Waly Salomão: “Eu não preciso de muito dinheiro, Graças a Deus”. Ele dizia que se arrependia de ter escrito esses versos.
Vivemos num sistema capitalista, isso é um pressuposto. Aqui, ter dinheiro é ter sucesso, já explicava Max Weber: os sinais exteriores de prosperidade indicavam que se estava seguindo o caminho correto (para a ética protestante).
Um desses sinais: as angústias sofrem um refinamento. Não precisar se preocupar com o dinheiro do aluguel, da comida das crianças, da prestação do carro, enfim, essas, já não mais.  
Para alguns bem-sucedidos, a angústia se traduz na preocupação em conseguir mais dinheiro; ou, viver a vida; ou, ser feliz; ou, ser famoso; ou, ser reconhecido; ou, ou, ou, ou...

Chaves

domingo, 20 de dezembro de 2009



Eu jamais me engano. Só me enganei uma vez: quando acreditei estar enganado!

Estou usando este tapa-olho porque tinha um sujeito que queria me bater
E?
Me bateu.

Eu não sou nenhuma velha, ouviu? Fique sabendo que eu acabo de passar dos 45!
Do segundo tempo!

Pois é, mas é que essas crianças são uns verdadeiros poliglotas... poliglotas, esses, das cavernas...
Trogloditas! São trogloditas! Você não sabe o significado do vocábulo troglodita?
Eu não sei nem o significado do vocábulo vocábulo...

Sabe Chaves, quando eu assisto tv, eu não consigo dormir.
Puxa, comigo é o contrário, quando eu to dormindo não consigo assistir tv.

Qual é o maior animal da Terra?
É o Nhonho!
Não, Chaves!
O maior animal da Terra é a baleia.
Certo, e qual o maior animal terrestre?
Ah, esse sim é o Nhonho.

Chaves, como se diz Professor em inglês?
Essa eu sei, é Teacher.
Muito bem Chaves, e Professora?
Teachera.
Não Chaves, Professora também é Teacher, é a mesma palavra. Entendeu?
Sim, Professora.

Quico, as cordas tem nomes, essa é a primeira, essa é a segunda, essa é a terceira, essa é a....
Essa é a marcha ré!
Não! Essa é a quarta.
Mas o senhor não me disse que tinha 5 marchas.

Todo mundo chora com cebola.
Não, eu choro com os olhos!

Bom, professor, mas há uma coisa que não poderei lhe cobrar.
O que?
O café. É que... depois de ter lhe oferecido tantas xícaras de café.
Bem, de acordo, será a única coisa que não pagarei: o café.
Então, o que vai querer?
UMA XÍCARA DE CAFÉ!

Seu Madruga

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009



Não existe trabalho ruim. O ruim é ter que trabalhar.

Sabe como é, todo esse tipo de porcarias: papéis, lixo.. Florinda...

Como ousa me acordar às 11 da madrugada! E agora, o que eu vou fazer até a hora da sesta?

Não é uma coisa que se diga: Minha nossa, mas que bom trabalho! Mas...

Minha senhora, se acha que pode me comprar com alguns presentinhos, eu vou lhe dizer uma coisa: ... eu aceito!

A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena.

Não há luta pior do que aquela que se enfrenta.

Devemos perdoar as ofensas... Devemos perdoar as afrontas... Devemos perdoar os aluguéis atrasados...

Higiênicos churros de Dona Florinda… Ai que droga! Velha ridícula!

50 mangos? Você está ficando louca. Eu deixo você comprar alguma coisa de 30, de 35, até de 40 centavos

Altruísta é um homem que ama os outros homens!
Ah bom, aqui chamamos de outro nome...

Seu madruga, o que é isso? (apontando pra máquina fotográfica velha do seu madruga)
É um jumento de garimpeiro!
Olha mamãe! Olha mamãe! Um jumento de garimpeiro!
Não tesouro, parece um jumento de garimpeiro, mas é só o Seu Madruga.

Chiquinha, onde está o seu pai?
O meu pai está trabalhando.
Não chiquinha, quero saber onde está o seu pai.

Chaves, qual o animal que grunhe e vive num chiqueiro?
O seu pai.
Não chaves, esse animal que falo é um que vive sujo e fedorento.
Pois então, o seu pai.

Eu só compro carne de primeira.
Então, por que um dia desses eu vi a senhora no açougue perguntando se tinha meio quilo de bofe?
Porque quando eu perguntei sobre o meio quilo de bofe eu queria saber onde estava seu pai.

Eu não estou a fim de ouvir idiotices!
Pois eu sim. O que a senhora dizia, Dona Florinda?...

Pois eu me olho no espelho várias vezes ao dia. (Dona Florinda)
Masoquista! (A bruxa do 71 para a Dona Florinda)
Papai, o senhor é masoquista?
Eu? Não? Não é que não respeite as religiões alheias... mas...
Não, papai, masoquista é quem gosta de se olhar no espelho.
Ah, bom! Mas é que não sou obrigado a entender inglês.

Chavinho, eu sempre quis ser como John Wayne: FEIO, FORTE e FORMAL.
Pois então o senhor já está quase como ele.
É mesmo, Chaves?
É, só falta ser forte e formal.

Paulo Francis 3

domingo, 6 de dezembro de 2009



"Não vi e não gostei."

"A função da universidade é criar elites, e não dar diplomas a pés-rapados."

"Hitler nos provou que política dá sempre errado. Tudo o que ele mais queria era acabar com o comunismo e com os judeus. No final da Guerra a União Soviética virou superpotência e os judeus conseguiram fundar Israel."

"A televisão é a força mais subversiva da nossa sociedade, ainda que inconscientemente."

"O esporte é a alta cultura dos sem-imaginação, que são 3/4 da humanidade."

"O Brasil é um asilo de lunáticos onde os pacientes assumiram o controle."

"Todo otimista é um mal-informado."

"O Brasil sempre foi a casa da mãe Joana de elites sub-reptícias que fazem o que querem."

"É preciso ter mingau na cabeça para acreditar em astrologia."

"Bebo para tornar as outras pessoas mais interessantes."

"O PT diz ter um programa operário. Mas é um programa de radicais de classe média que imaginam representar a classe operária, e não os operários, porque estes querem mesmo é se integrar à sociedade de consumo, ter empregos, boa vida etc. Não lhes passa pela cabeça coisas como socialismo."

"A descoberta do clarinete por Mozart foi uma contribuição maior do que toda África nos deu até hoje."

"Não levo ninguém a sério o bastante para odiá-lo."

"Intelectual não vai à praia. Intelectual bebe."

"A melhor propaganda anti-comunista é deixar um comunista falar."

"A sociedade de massas é por definição o fim da civilização. Bolsões de vida inteligente sobrevivem à duras penas."

"Eu gostaria de ser o fantasma do Metropolitan Museum."

"Quem não lê não pensa, e quem não pensa será para sempre um servo."

"Não há quem não cometa erros e grandes homens cometem grandes erros."

"Apenas os idiotas não se contradizem."

"Marx escrevendo sobre dinheiro é como padre falando de sexo."

"A ignorância é a maior multinacional do mundo."

retiradas daqui.
e, para conhecer um pouco mais.

Paulo Francis 2

sábado, 5 de dezembro de 2009

Para aqueles que gostam do Diogo Mainardi, na opinião do próprio, ele é uma versão do Paulo Francis.

retirada daqui.

Paulo Francis

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009


Paulo Francis foi um intelectual brasileiro, escritor, comunista e, posteriormente anti-comunista. Era também um grande canalha e manipulador, porém, um mestre.

Frases atribuídas a Paulo Francis:

"As elites, no Brasil, não acreditam, no íntimo, na soberania do povo. As diferenças entre elas e o populacho é de tal a ordem que a sabem intransponível e insuperável, a não ser naquele prazo tão longo que, na frase de Keynes, estaremos todos mortos."

"É extraordinária a relativa imunidade que a Igreja gozou todos esses anos na demonologia de nossos nacionalistas e esquerdistas. Arnold Toynbee, protestante, escreveu que, tendo cometido tantos crimes sem morrer, talvez a alegação de que é de origem divina seja verdadeira."

"Os baianos invadiram o Rio para cantar 'Ó que saudade da Bahia...'. Bem se é por falta de adeus, PT saudações."

"Ser comunista, hoje, exige um ato de fé sobre-humana."

"Dizem que escrever é um processo torturante para Sarney. Sem dúvida, mas quem grita de dor é a língua portuguesa."

"Há em mim um resíduo de saltimbanco. Gosto de uma platéia, quero mantê-la cativa, afinal vivo disso há 40 anos."

"Dizem que ofendo as pessoas. É um erro. Trato as pessoas como adultas. Critico-as. É tão incomum isso na nossa imprensa que as pessoas acham que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica. Às vezes é estúpida. O leitor que julgue.
Acho que quem ofende os outros é o jornalismo em cima do muro, que não quer contestar coisa alguma. Meu tom às vezes é sarcástico. Pode ser desagradável. Mas é, insisto, uma forma de respeito, ou, até, se quiserem, a irritação do amante rejeitado."

"É a maior cidade de Porto Rico."
Definindo Nova York.

"Quando ouço falar em ecologia, saco logo meu talão de cheques."

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